Dentre os 80 conselheiros que representam a Fazenda no Carf, 39 auditores-fiscais da Receita Federal apresentarão suas renúncias ao presidente do colegiado nesta quarta-feira. Esta ação configura-se como um manifesto da categoria em resposta à inobservância do governo em relação ao pacto firmado em 2016.
Os auditores estão demandando o cumprimento dos compromissos estabelecidos entre o governo federal e a categoria. Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha se comprometido com a resolução do impasse, o orçamento está prestes a ser votado sem que a problemática seja adequadamente endereçada.
Em decorrência da paralisação dos auditores-fiscais, apenas neste mês inaugural, a 1ª turma do Conselho Superior do Carf deixou de deliberar, segundo os alegados pela categoria, em processos que abrangem montantes que ultrapassam os 10,8 bilhões de reais.
Leia abaixo a carta de renúncia dos auditores:
Ao Ilustre Senhor Ministro da Fazenda, Dr. Fernando Haddad
"Prezado Ministro,
o senhor assinou uma Portaria em julho deste ano destinando cerca de 2,4 bilhões de reais para o pagamento do Bônus de Eficiência e Produtividade dos Auditores-Fiscais da Receita Federal, porém um mês depois foi encaminhado ao Congresso Nacional o PLOA 2024 com recursos previstos apenas no montante de 735 milhões de reais, aproximadamente 30% do valor reservado originalmente.
Esse fato caracteriza novo descumprimento de acordo previamente firmado, uma vez que a pura e simples regulamentação através do Decreto nº 11.545/2023, com a dotação orçamentária atualmente constante do PLOA 2024, pode levar à impensável situação de redução na remuneração (vencimento básico + bônus) da nossa carreira, que já é a mais baixa em comparação com todos os fiscos estaduais, e até mesmo com muitos fiscos municipais.
Mesmo após o decurso de sete anos, o acordo firmado pela categoria com o Poder Executivo não foi cumprido e a última proposta apresentada pelo atual governo, além de prever uma inaceitável redução nos valores originalmente constantes na Portaria e estabelecer um escalonamento na sua implementação (implicando um prazo adicional de três anos), não resolve o problema, por condicionar o valor do recebimento futuro a fatores conjunturais sempre presentes na elaboração do orçamento da União a cada ano, com tendência a gerar tensões que comprometem a retomada do regular funcionamento do CARF e da Receita Federal.
Nesse contexto, os Auditores-Fiscais da Receita Federal abaixo signatários, vêm, de forma coletiva, comunicar a V. S.ª sua RENÚNCIA ao mandato de conselheiros representantes da Fazenda Nacional, titulares e suplentes, junto a este CARF, pugnando pela imediata publicação dos atos de dispensa.
Aproveitamos para renovar nossas mais sinceras estimas.
Brasília, 20 de dezembro de 2023.
SIGNATÁRIOS
1ª SEÇÃO
Ailton Neves da Silva
Alexandre Iabrundi Catunda
Edeli Pereira Bessa
Efigênio de Freitas Junior
Fábio de Tarsis Gama Cordeiro
Fenelon Moscoso de Almeida
Fernando Augusto Carvallho de Sousa
Fernando Beltcher da Silva
Iágaro Jung Martins
Luiz Augusto de Souza Gonçalves
Luiz Tadeu Matosinho Machado
Maurício Novaes Ferreira
Neudson Cavalcante Albuquerque
Paulo Henrique Silva Figueiredo
Paulo Mateus Ciccone
Roney Sandro Freire Correa
Wilson Kazumi Nakayama
2ª SEÇÃO
Alfredo Jorge Madeira Rosa
Cleber Ferreira Nunes Leite
Diogo Cristian Denny
Flávia Lílian Selmer Dias
Gleison Pimenta Sousa
João Maurício Vital
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa
Miriam Denise Xavier
Rodrigo Duarte Firmino
Sara Maria de Almeida Carneiro Silva
Sônia de Queiroz Accioly
Wilsom de Moraes Filho
3ª SEÇÃO
Ana Paula Pedrosa Giglio
Aniello Miranda Aufiero Júnior
Ari Vendramini
Celso José Ferreira de Oliveira
Flávio José Passos Coelho
Gilson Macedo Rosenburg Filho
João José Schini Norbiato
Jorge Luís Cabral
Lázaro Antônio Souza Soares
Liziane Angelotti Meira
Marcos Antônio Borges
Marcos Roberto da Silva
Pedro Sousa Bispo
Renan Gomes Rego
Ricardo Rocha de Holanda Coutinho
Ricardo Sierra Fernandes
Rodrigo Lorenzon Yunan Gassibe
Rosaldo Trevisan
Wagner Mota Momesso de Oliveira"
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