Nota do Ministério da Fazenda avalia resultado e traça perspectivas para o desempenho da economia em 2023
O crescimento do PIB no segundo trimestre superou as expectativas e deve levar a novas revisões para cima nas projeções para o desempenho da economia brasileira em 2023. O avanço de 0,9% sobre os três primeiros meses do ano contrastou com as estimativas do mercado de 0,3% e da Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda. Em relação ao mesmo trimestre do passado, o crescimento foi de 3,4%, resultado também bastante acima da mediana das expectativas de mercado de 2,7% (AE Broadcast).
Em nota, a SPE aponta que o carregamento estatístico para o ano é de 3,1%, ou seja, se houver desempenho zero ao longo do terceiro e quarto trimestres, essa seria a taxa de crescimento para o ano. “Esse resultado confere viés positivo para a estimativa de crescimento da SPE, de 2,5% em 2023”, diz a nota. O último boletim Focus, do Banco Central, mostra projeção de alta de 2,31% para o PIB.
“As medidas de estímulo ao investimento, que englobam o novo PAC, as melhores condições oferecidas pelo programa Minha Casa Minha Vida, a facilitação da tomada de crédito para atividades de inovação e digitalização, o novo marco de garantias e a desburocratização das emissões de debêntures no mercado de capitais também devem contribuir positivamente para o crescimento até o final do ano”, diz a nota da SPE.
A surpresa no trimestre é explicada pela menor retração do setor agropecuário comparativamente ao esperado pelas projeções de mercado, pelo maior crescimento em Serviços e pela expansão mais forte do que a esperada tanto para o Consumo das Famílias quanto para o Consumo do Governo.
Em comparação com o primeiro trimestre, a desaceleração de 1,8% para 0,9% é explicada pela dinâmica de atividades menos sensíveis ao ciclo monetário, com destaque para a retração no setor agropecuário e para a desaceleração da Indústria Extrativa e Administração Pública. Já as atividades mais sensíveis às condições financeiras e de crédito, como é o caso da Indústria de Transformação, Construção e Outras atividades de Serviços, mostraram evolução mais favorável no trimestre.
Perspectivas para o crescimento
Segundo a SPE, a perspectiva para o terceiro trimestre é de redução no ritmo de crescimento em comparação com o trimestre anterior, seguida de leve recuperação no último quarto do ano. Essa expectativa é explicada, principalmente, pelos impactos defasados da política monetária na atividade, pelas condições financeiras que ainda seguem restritivas a despeito do início do ciclo de cortes nos juros, e pelo menor ritmo de crescimento mundial. A desaceleração na criação de novos postos de trabalho é outro fator que tende a reduzir o ritmo de crescimento até o final do ano.
Por outro lado, pondera a SPE, há de se considerar também os vetores positivos para o cenário de crescimento, que trazem viés positivo para a projeção no ano. Entre eles, o efeito da redução da inflação de alimentos sobre a renda disponível, a redução da inadimplência por causa do programa Desenrola, as melhores condições no mercado de crédito, com o início da flexibilização monetária, o recente avanço da massa salarial e a melhora significativa dos índices de confiança de serviços, consumidor e comércio em julho e agosto.
Na comparação internacional, dentre os países do G-20 que já divulgaram o resultado do PIB do segundo trimestre, o Brasil apresentou o segundo melhor desempenho na comparação trimestral, atrás apenas do Japão (1,5%) e ficando na quarta e quinta melhores posições na comparação interanual e em termos de variação acumulada em quatro trimestres (gráficos na nota).
Fonte: Ministério da Fazenda